Parece que de repente se descobriu que o aeroporto das Lajes é militar. Como se ele não o fosse desde a sua criação.

E agora não se fala noutra coisa, pois ao que parece as entidades militares que controlam o aeroporto, agora vão impedir a realização de voos civis a torto e a direito.

Até se advoga que é por causa deste facto que pode não se concretizar um plano para voos charters da Europa e que por isto algumas unidades hoteleiras ponderam fechar a porta nos meses de inverno.

Ora, este alarmismo parece-me de todo despropositado. Senão vejamos:

- Ao longo do historial deste aeroporto, nunca os voos comerciais foram desviados ou cancelados por exigências militares, mesmo durante alturas de crise mundial que tiveram participação efectiva da Base das Lajes. Desde que as companhias aéreas tivessem seguido as exigências minimas de pré-aviso, que não são despropositadas como se quer fazer paracer.

- Este aeroporto só tem a dimensão que tem, porque há e houve, envolvimento militar estrangeiro. Se tivesse sido construido aqui um aeroporto civil e isto a julgar pelo aerogare civil que se vai construindo, a pista seria muito, mas mesmo muito, mais reduzida.

- Os voos charters que nos chegam durante o verão provenientes dos Estados Unidos e do Canada, trazendo milhares de pessoas, não parecem ter problemas com o aeroporto.

Admito que seria bom haver um aeroporto civil na Terceira, mas parece-me que na actual conjunctura isso é perfeitamente utópico.

As necessidades da defesa nacional e internacional, têm que se sobrepor aos interesses comerciais. Até mesmo porque económicamente a base militar norte-americana continua a ter mais peso para a ilha Terceira do que o turismo que por cá passa.

Finalmente quanto ao perigo de encerramento sazonal das unidades hoteleiras, isso é devido sobretudo a má execução, ou até mesmo não execução de estudos de mercado. Porque nos meses de verão o aeroporto é o mesmo e aí ninguém fala.